sábado, 12 de maio de 2012

Tema 95: o perigo dos suplementos

Livre acesso ao risco de vida - ZH 05 de maio de 2012.

Suplementos com substâncias perigosas, proibidos no Brasil, são vendidos na Capital

Para retardar a fadiga e ter mais força durante um treino puxado, frequentadores de academias da Capital estão consumindo, sem medir os riscos à saúde, produtos proibidos no Brasil. O público-alvo deles não são fisiculturistas, mas jovens anônimos dispostos a gastar mais de R$150 para turbinar perigosamente a malhação.

Diferentemente dos anabolizantes e esteroides, sabidamente nocivos, os novos produtos são comercializados como se fossem apenas suplementos alimentares. E muitos consumidores podem desconhecer os efeitos colaterais, entre eles, a possibilidade de morrer durante uma série de levantamento de peso.

– O que os usuários devem entender é que muitos produtos estão sendo lançados no mercado sem ao menos terem passado por testes de eficácia e segurança – esclarece o nutricionista e doutorando em Bioquímica da UFRGS, Rafael Longhi de Barros.

Por mais de um mês, ZH investigou o comércio da febre das academias, o Jack3d, com venda proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e considerado doping pelo Comitê Olímpico Internacional.

– A moda agora são esses suplementos “pré-treino”, que prometem melhor concentração, “queima de gordura”, nos treinos. O problema é que muito possuem substâncias ainda não bem testadas. As pessoas pensam estar consumindo algo inofensivo, mas não é bem assim – esclarece a nutricionista Mariana Escobar, especialista em Fisiologia do Exercício, mestre em Bioquímica.

A investida jornalística revelou que a venda clandestina do Jack3d, produzido pela norte-americana USP LABS, não é feita clandestinamente em vestiários, mas em lojas de suplementos com alvarás fixados na parede e instaladas em avenidas movimentadas de Porto Alegre.

Com o uso de uma câmera escondida, a reportagem visitou, entre os meses de março e abril, 10 lojas. Em duas, o produto foi encontrado sem maiores problemas. Bastou pedi-lo. Em pelo menos outras duas, o repórter foi questionado sobre como chegou à loja e quem a recomendara. Ficou claro que, sem indicação de um conhecido, o produto não é ofertado.

As duas lojas que confirmaram ter o produto, ambas localizadas na Zona Norte, foram visitadas uma segunda vez no dia 16 de abril. ZH voltou às lojas para comprar o Jack3d e, assim, confirmar a venda ilegal.

O frasco com 45 doses foi comprado na filial da ProSport Suplementos, na Avenida Assis Brasil. Na primeira visita, em 19 de março, uma jovem vendedora havia mostrado ao repórter onde estava o produto: nos fundos, dentro de um mostruário fechado a chave.

Cerca de um mês depois, no dia 16 do mês passado, a reportagem voltou ao estabelecimento. Uma segunda atendente confirmou ter o produto e concedeu desconto de 10% no pagamento em dinheiro, sem nota fiscal. O pote saiu por R$ 180. Questionada sobre as reações adversas, a vendedora fala sem constrangimento:

– Ele pode dar uma sensação de boca seca. Dar um sensação de taquicardia, porque acelera o batimento cardíaco, coisas que podem vir a acontecer em decorrência do produto.

A outra loja flagrada pela reportagem, a Nutri House, na Avenida Benjamin Constant, foi visitada pela primeira vez na segunda quinzena de março. No estabelecimento, o Jack3d saía pela bagatela de R$140. O produto não era exposto na prateleira, mas guardado sob o balcão.

– Só não é bom tomar à noite porque te acelera muito! E não é bom misturar com outro produto porque é muito forte – disse o vendedor ao ser questionado sobre os efeitos do suplemento ilegal.

Ao retornar à loja no dia 16 de abril, o produto estava “em falta, devendo levar duas semanas para chegar, dependendo do importador”, nas palavras do mesmo vendedor. Questionado sobre a oferta de algum produto similar, o vendedor ofereceu o 1-MR, igualmente proibido no Brasil. Sacando o produto também sob o balcão, ele comenta:

– É igual ao Jack. Ele vai te dar uma “pilhadeira”, pode te atrapalhar  o sono.


A partir da reportagem e de outras leituras, tu deverás escrever um texto dissertativo, entre 15 e 50 linhas, em prosa, sobre o tema:

O PERIGO DOS SUPLEMENTOS.

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