sábado, 12 de maio de 2012

Tema 94: Sexo? Só casando?

Escreve um texto dissertativo, entre  15 e 50 linhas, sobre o tema:

Sexo? Só casando?


Para escrever teu texto tu poderás buscar inspiração nos textos abaixo.


PUROS ATÉ O ALTAR - ZH - 06 de maio de 2012

Castidade retomada

A sexualidade deixou de ser tabu para fazer parte das discussões dos movimentos católicos juvenis. Universitários, estudantes, bacharéis, ricos e pobres têm optado pela pureza antes do casamento. O que era visto como uma característica de religiões protestantes e evangélicas começa a ser resgatado também na Igreja Católica.

Se estivesse entre nós, Santa Maria Goretti teria motivos para comemorar. A padroeira da castidade viveria a honra de, em pleno século XXI, acompanhar relatos de jovens católicos que abdicaram do sexo. Nada imposto. Só até o casamento.

Os pais dessa linhagem, nascida em grande parte na década de 1980, brigaram pela liberdade sexual e comemoraram a invenção da pílula anticoncepcional. Agora assistem a seus filhos perseguirem condutas antigas, como a castidade.

Não se trata só de virgindade. Os depoimentos pertencem a casais variados: desde o que chegou intato ao altar até o que experimentou o sexo e resolveu interromper em decorrência dos valores cristãos. Eles pertencem a grupos distintos da mesma religião. Em comum, a busca por explicações na fé para manter viva a castidade.

– Há mais abertura para falar no assunto, partindo da própria igreja. Acredito que sejamos os primeiros frutos dessa nova geração – diz o sociólogo Matheus Ayres.

A repaginação parece ter dado certo. Em Porto Alegre, a aproximação do jovem é constatada pelo padre Márcio Augusto Lacoski. Ele conta que 19 movimentos juvenis somando 3,5 mil integrantes foram contabilizados na cidade em 2011. A estimativa do sacerdote é de que tenha mais do que dobrado do ano passado para cá.

– Nem todos se abriram para a castidade, mas ver essa adesão aumentando é uma grata surpresa – destaca o padre.

No Litoral Norte, também há um forte movimento. O padre Gibrail Walendorff, pároco de Xangri-Lá, até se surpreende:

– Dos casamentos que tenho realizado, metade dos noivos se diz casta.

Lidar com o espanto do próximo perante à condição casta é um dom que eles desenvolveram, assim como o autocontrole. Luciane Peres que o diga. Tem 21 anos e frequenta um curso pré-vestibular. Os amigos, no auge da zombaria, já descobriram que a menina é virgem. Fazem piadas sacanas. Ela tira de letra.

Ter um namoro casto não significa deixar de curtir a juventude. Reúnem-se entre amigos, convivem com os familiares. Resolveram apenas aquietar os hormônios e esperar o altar para entregar aquilo que lhes é mais íntimo: o corpo.

– Fui com uma amiga a uma boate, tomamos umas tequilas, ficamos alegres e comecei a dançar até o chão. Ela virou pra mim e disse: “credo, tu, de CLJ, toda puritana, dançando desse jeito” – diverte-se Patrícia de Oliveira, 24 anos, casada há um ano com Pedro Seadi, 28 anos.

Os dois optaram pela abstinência após quatro anos de namoro – metade com experiência sexual.

– Transar é prazeroso. Mas se privar, merece respeito. Até por que sucumbir para satisfazer o desejo pode ser até pior. É comum carregar o trauma de ter violado a regra e vincular o ato à sujeira – explica a ginecologista e sexóloga Jaqueline Brendler, diretora da Associação Mundial de Saúde Sexual.

Há truques para evitar intimidade

Na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, o teólogo Jorge Claudio Ribeiro discorda que haja esse interesse todo pela religião. Aplicou questionários em 2,3 mil universitários e descobriu que a religião está em sexto e último lugar na lista de importância na vida deles. Ribeiro acredita que essa convicção é comum entre os que não têm opções de cultura.

O que dizer desse grupo de estudantes, universitários, bacharéis? Clístenes Fernandes descobriu a sua vocação em um intercâmbio na Europa:

– A igreja não proíbe, educa para a sexualidade, com a pessoa que tu escolheu para dividir a tua vida – conta o rapaz, de casamento marcado para setembro com Luise Silva, 24 anos.

Eles têm os seus macetes. Assistir a filmes debaixo do edredom, nem pensar. Dormir de conchinha ou amassos estão fora do script.

– A ocasião faz o ladrão. Não tinha por que ficarmos nos provocando se estávamos certos da nossa escolha – diz Paula Sordi, 23 anos, recém-casada com Jefferson Sordi, 24 anos.

A concordância é geral: a castidade é uma virtude que só funciona se não for impositiva. E para quem quiser entender os motivos, a não ser que acredite no sobrenatural, na fé, não terá êxito. Eles não fazem isso para serem diferentes ou para virar assunto. Acreditam no amor de Deus, querem vivê-lo plenamente.

AS DIFERENÇAS
CASTIDADE X VIRGINDADE
Castidade não é sinônimo de virgindade. Presente no sexto e no nono mandamentos, trata-se de uma virtude moral que procura aperfeiçoar a sexualidade humana. Varia de acordo com o momento: para solteiros significa abstinência sexual e no casamento inclui o uso apenas de contraceptivos naturais, como o método Billings (em que a mulher identifica os padrões de fertilidade, observando o próprio corpo, bem diferente da técnica tabelinha).
Virgindade diz respeito à biologia e é atribuída àquela pessoa que nunca foi tocada sexualmente. É bastante comum pessoas que já tenham experimentado o sexo em um determinado momento optarem pela castidade.
PUREZA X PURITANISMO
Ser puro é referente à inocência. Para os católicos, é sinônimo de integridade de coração ou integridade moral.
Isso não significa que os castos sejam puritanos. No catolicismo moderno o sexo não é pregado como algo sujo ou pecaminoso. É uma fonte de prazer, mas que deve ser praticada apenas no matrimônio. Um ser puritano, portanto, é aquele que aplica os preceitos morais de forma rigorosa
SETE MOTIVOS PARA A REINVENÇÃO
1 Esforço da Igreja em se remodelar para atrair mais jovens e explicar os mandamentos de Deus. Muitos deles, no passado, eram tabus. A castidade deixou de ser uma imposição para se tornar uma opção, apesar de seguir sendo um dever católico viver este mandamento.
2 Há uma preocupação de formar lideranças jovens para a disseminação dos pensamentos cristãos. A catequese, por exemplo, que em anos anteriores apresentava aulas mais rígidas sobre a fé, dá lugar para uma proposta mais vivencial, participativa e experimental da fé, abrindo-se, por exemplo, para catequistas mais jovens.
3 Catequistas, que no passado eram pessoas mais velhas, deram espaço para jovens para que eles possam falar a mesma linguagem.
4 O jovem passou a falar mais em sexo e, por consequência, entender a castidade como uma forma de preservação do corpo, da mente e do espírito.
5 Estudiosos acreditam que a retomada dos valores religiosos seja um processo natural, que esteve nas últimas décadas afastada de valores humanos tradicionais, sentiu-se sem identidade e buscou a espiritualidade.
6 Um dos pedidos do papa Bento XVI, em 2007, quando veio ao Brasil, para que a castidade fosse uma bandeira da igreja católica. Falou a 40 mil jovens no Pacaembu, em São Paulo, e pediu que aqueles jovens que estavam ali se tornassem multiplicadores da palavra.
7 O governo de George W. Bush, de 2001 a 2009, incentivou, inclusive com verba pública, que a castidade fosse uma bandeira levantada pelo jovem americano. Como o Brasil tende a buscar espelhos internacionais, um dos motivos para o interesse dos jovens na questão pode estar ligado àquele incentivo.

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