Apenas quatro em cada dez famílias brasileiras têm acesso pleno à alimentação, e 33 milhões de brasileiros passam fome, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, publicado dia 08 de junho de 2022. São 14 milhões a mais de pessoas com fome em comparação com o último inquérito, realizado em 2020, e um crescimento de 7,2% no número de pessoas em algum grau de insegurança alimentar. Este é o pior cenário no século XXI, no Brasil. Desde que foi criada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), entre 2003 e 2004, jamais o país atingiu esse patamar de pessoas vivendo em algum dos três graus de insegurança.
Ao
todo, são 125 milhões de brasileiros nessa condição, sendo 59 milhões em
insegurança leve, 31 milhões em insegurança moderada e 33 milhões em
insegurança grave (situação de fome). A pesquisa foi conduzida pela Rede
Penssan, formada por pesquisadores em segurança alimentar, e executada pelo
Instituto Vox Populi, com apoio de entidades da sociedade civil. Foram ouvidas
12 mil famílias em 577 municípios, de novembro de 2021 a abril de 2022.
Segundo
os dados levantados, a fome é desproporcionalmente maior entre mulheres,
pessoas negras, habitantes de zonas rurais e moradores das regiões Norte e
Nordeste. Um em cada cinco domicílios chefiados por mulheres está em estado de
insegurança alimentar - um aumento de oito pontos percentuais em relação a 2020
- contra um em cada dez domicílios chefiados por homens.
Ao
mesmo tempo, domicílios habitados por pessoas brancas registraram um índice de
segurança alimentar de 53%, contra 35% de domicílios habitados por pessoas
negras.
Desigualdade
Regional: se o índice de pessoas com fome (insegurança alimentar grave) no
Brasil como um todo é de 15%, no Norte e no Nordeste ele chega a 25% e 21%,
respectivamente. Ao mesmo tempo, Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm médias abaixo
do índice nacional. Fatores como falta de acesso à água (insegurança hídrica),
presença de crianças no domicílio e baixa escolaridade também aumentam a
prevalência da insegurança alimentar. Fonte: Uol – jun/2022
Texto 2
"A insegurança alimentar é um fenômeno que
ocorre quando um indivíduo não possui acesso físico, econômico e social a
alimentos de forma a satisfazer as suas necessidades, conforme a definição da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A
insegurança alimentar pode ser crônica ou apenas temporária, e se divide em
três tipos ou níveis: leve, moderada ou grave. Dados do IBGE revelam que 41% da
população brasileira convivem com a insegurança alimentar. No mundo, 30% se
encontram em insegurança moderada ou grave."
"Causas da insegurança alimentar
A insegurança alimentar é, por definição, um
fenômeno multidimensional. Diversas causas estão associadas a ele, as quais
abrangem desde questões conjunturais, como flutuações econômicas, até problemas
estruturais perpetuados ao longo do tempo, em especial aqueles de ordem
socioeconômica.
Algumas
causas da insegurança alimentar:
- menor disponibilidade de alimentos associada
a problemas no processo produtivo, como em períodos de escassez de chuvas, que
afetam diretamente as lavouras;
- queda na qualidade dos alimentos disponíveis
para consumo;
- problemas de abastecimento;
- aumento no preço dos alimentos;
- redução de salários ou perda de fonte de
renda;
- condição de pobreza;
- mudanças climáticas.
Essas
diferentes causas estão ligadas às dimensões da segurança alimentar,
estabelecidas pela FAO. De acordo com essa agência, só há segurança quando
todas as dimensões, que apresentamos na sequência, são plenamente atendidas.
1ª dimensão: DISPONIBILIDADE física de
alimentos (associada à produção);
2ª dimensão: ACESSO físico e econômico aos
alimentos (leva em conta o abastecimento e também a situação financeira e
monetária dos indivíduos);
3ª dimensão: UTILIZAÇÃO dos alimentos
(condições físicas de saúde do indivíduo para preparar seu alimento e absorver
plenamente seus nutrientes);
4ª dimensão: ESTABILIDADE das dimensões
descritas (manutenção das condições anteriores por longos períodos de
tempo)."
"Consequências da insegurança alimentar
A
insegurança alimentar, seja qual for o seu nível, resulta em uma série
consequências para o indivíduo e para o grupo familiar. Entre elas estão: desnutrição ou sobrepeso, a depender de cada
caso em específico; anemia; problemas de saúde associados à falta de
vitaminas no organismo; desgaste físico
pela ausência de nutrientes; piora da saúde mental; deterioração da qualidade de vida e
bem-estar; agravamento da fome em casos
graves."
Fonte: Brasil Escola
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: DESAFIOS PARA REVERTER OS ÍNDICES DE INSEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL
Se escrever na modalidade ENEM, lembre-se de apresentar proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.