Texto motivador 1
Resíduos de Equipamentos
Eletroeletrônicos (ou REEE) é o nome dado aos rejeitos resultantes de
equipamentos que demandam energia para o seu funcionamento e que, quando
descartados, contam com uma bateria ou um plug. Feitos com alta tecnologia,
esses resíduos podem conter substâncias tóxicas e metais pesados, como o
chumbo, mercúrio, cromo e cádmio por exemplo, capazes de contaminar o solo, a
água e os alimentos – impactando tanto o ambiente quanto a saúde humana.
“A
reciclagem de aparelhos eletrônicos têm mais potencial do que só reduzir os
impactos do descarte de resíduos. É também uma alternativa à mineração
convencional que pode gerar novos modelos de negócio gerando empregos,
contribuindo para uma economia circular e para controlar a emissão de gases de
efeito estufa”, disse Lúcia Helena Xavier, pesquisadora do Centro de Tecnologia
Mineral (Cetem) em entrevista à National Geographic. Dados
apontam que apenas um quinto dos REEE gerados no mundo é coletado e reciclado.
Como acontece a
reciclagem de eletrônicos
O processo de reciclagem de
equipamentos eletroeletrônicos tem como objetivo fazer com que os materiais
usados voltem para a cadeia produtiva novamente. Porém, “Os resíduos
eletroeletrônicos são muito complexos. Você vai ter – além dos metais
– plástico e outros tipos de polímeros misturados naquele equipamento. É
uma reciclagem difícil”, explica Ellen Cristine Giese, especialista em
bioquímica aplicada e pesquisadora de Processos Metalúrgicos e Ambientais do
Cetem.
Devido
à essa complexidade, a especialista conta que os REEE são separados em oito
categorias: eletrodomésticos (fogão, geladeira), eletroportáteis (ventilador,
liquidificador), monitores, tecnologia da informação e telecomunicações
(celulares, computadores), fios e cabos, pilhas e baterias, iluminação e
painéis fotovoltaicos. O processo para reciclar um eletrônico começa quando é
determinado o fim da vida útil deste aparelho.
A reciclagem não passa por “processos
simples. É necessária uma mão de obra qualificada e capacitada – não no sentido
acadêmico, mas sim em saber como manusear esses resíduos com segurança,
extraindo o máximo de material valioso”, diz Ellen Giese. “Por isso, e pelo
alto valor agregado dos metais recuperados, a reciclagem de eletrônicos também
é uma alternativa na geração de emprego e renda.”
Os números do lixo
eletrônico
O Monitor Global de Lixo Eletrônico
2020 da ONU registrou um recorde de 53,6 milhões de toneladas de resíduos
eletrônicos gerados em todo o mundo em 2019. Trata-se de um aumento de 21% em
apenas cinco anos. De acordo com o relatório, a Ásia gerou o maior volume de
REEE naquele ano, cerca de 24,9 Mt, seguido pelas Américas (13,1 Mt) e Europa
(12 Mt), enquanto a África e a Oceania geraram 2,9 Mt e 0,7 Mt,
respectivamente.
A
América Latina e o Caribe, segundo relatório da ONU, o Monitor Regional de Lixo Eletrônico
para América Latina 2021, mostrou que a geração de lixo eletrônico
aumentou 49% em nove anos, de 0,9 Mt em 2010 para 1,3 Mt em 2019. Dessas
verdadeiras montanhas de lixo eletrônico, o relatório mostra que o mundo
coletou e reciclou apenas 17,4% dessa quantidade em 2019. Na América Latina, só
2,7% do total de resíduos eletrônicos foram coletados e gerenciados de maneira
ambientalmente correta.
O que é a mineração
urbana?
Ainda
de acordo o relatório global da ONU sobre o tema, a quantidade de lixo
eletrônico descartado incorretamente em 2019 significou US$57 bilhões em ouro,
prata, cobre, platina e outros elementos de alto valor que foram, em sua
maioria, despejados ou queimados em vez de serem coletados para tratamento e
reutilização. Segundo Xavier, os materiais valiosos recuperados pela
reciclagem incentivam a mineração urbana, como é chamada a obtenção de
matérias-primas tendo como fonte os resíduos eletrônicos. “Nesses resíduos você
tem ouro, prata, cobre, alumínio, que podem ser coletados e vendidos para reuso
na fabricação de novos produtos. Então, você deixa de extrair da fonte
primária, em jazidas do minério, para recuperar metais já trabalhados que
seriam descartados.”
A
pesquisadora exemplificou o possível impacto da mineração urbana comparando com
a mineração feita em uma jazida de cobre. Segundo ela, a cada uma tonelada de
cobre são gerados 300 vezes mais rejeitos. “Com a reciclagem, deixamos de
explorar a natureza e gerar essa quantidade absurda de rejeito. É possível ter
um processo mais circular, mais eficiente e, da mesma forma, não descartar um
resíduo perigoso no ambiente”, acrescentou a pesquisadora, que enfatiza a
ligação da mineração urbana com os conceitos de economia circular.
Lixo eletrônico: um
setor econômico
Já para a química Ellen Cristine
Giese, se olharmos para a gestão de resíduos eletrônicos como um setor
econômico, podemos encontrar mais benefícios nos resultados da mineração
urbana, principalmente considerando o cenário econômico e político
internacional. “Vimos o fechamento de fronteiras na pandemia e por conta de
conflitos internacionais. A mineração urbana configura reservas de metais para
o país, sem que seja necessário a extração da fonte primária e de forma
independente de outras nações.”
Para
Carlos Alberto Mendes Moraes, engenheiro metalúrgico e professor do programa de
pós-graduação em Engenharia Mecânica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(Unisinos), no Rio Grande do Sul, o interesse econômico por trás da mineração
urbana é um dos principais fatores que incentivam a atividade.
Porque reciclar
eletrônicos é bom para o meio ambiente
Do ponto de vista ambiental, a alta
geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos atrelada às baixas taxas
de reciclagem a nível mundial demandam maior necessidade de extração de
matérias-primas primárias e consequentes maiores níveis de emissões de gases de
efeito estufa (GEE). Além disso, o descarte inadequado desses resíduos também
configura um enorme perigo de contaminação do solo, água e alimentos devido aos
componentes químicos e metais pesados presentes nos equipamentos. A
mineração urbana, surge como uma alternativa para mitigar tais problemas, pois
apresenta significativamente menos danos ao meio ambiente do que a mineração
tradicional. Em 2019, o descarte de refrigeradores resultou na emissão de 98
milhões de toneladas (Mt) de CO2, representando 0,3% do total das emissões
globais do setor energético, segundo dados do Monitor Global de Lixo Eletrônico
2020 da ONU.
Fonte: nationalgeografic.com
Texto motivador 2
Lixo Eletrônico
A partir dos textos motivadores e de tuas leituras de mundo, escreve um texto dissertativo, entre 08 e 30 linhas, sobre o tema: a mineração urbana como alternativa para reduzir o lixo eletrônico. Lembre-se de apresentar proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.