A partir da leitura dos textos motivadores e de seus
conhecimentos, reflita e escreva um texto dissertativo-argumentativo
no qual você discorra sobre o seguinte tema: caminhos para combater o capacitismo no Brasil.
O capacitismo é o que o preconceito, a
discriminação e a opressão contra pessoas com qualquer tipo de deficiência. O termo vem do inglês ableism ou disablism, que faz referência à palavra deficiência em
inglês (disability). O capacitismo caracteriza as pessoas
com deficiência como inferiores, incapazes de estudar, trabalhar, se relacionar,
e fazer tantas coisas naturais às pessoas. O capacitismo pode atingir as pessoas com
deficiência de diversas maneiras. Ele vai desde uma agressão verbal ou
tratamento de piedade até uma arquitetura inacessível, por exemplo.
No acordo aprovado pela Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), promulgado pelo Brasil, a
discriminação por motivo de deficiência é definida como: “qualquer
diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propósito ou
efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o exercício,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social,
cultural, civil ou qualquer outro.”.
Corponormatividade
O capacitismo
parte da ideia de que existe um padrão corporal perfeito, a chamada
corponormatividade. As pessoas dentro do padrão socialmente construído de corpo
ideal são consideradas “normais”. Já as pessoas com qualquer tipo de
deficiência, que fogem desse padrão, são vistas como “anormais” e exceções.
Nessa percepção, a deficiência é vista como uma falha ou algo ruim, que
pode ser corrigido ou superado.
Ao longo da história, diversos estereótipos
capacitistas foram dados às pessoas com deficiência, prejudicando-as, pois
contribuem com a manutenção do preconceito e da exclusão dessas pessoas. É
comum, por exemplo, que as pessoas com deficiência sejam taxadas como
doentes. Isso pode parecer inofensivo, porém já motivaram grandes barbaridades,
como o assassinato em massa e a esterilização de milhares pessoas com
deficiência durante o regime nazista. Outro estereótipo é o do coitado, quando o indivíduo é visto
com piedade e inferioridade e suas capacidades são subestimadas. As pessoas
são infantilizadas e tratadas com pureza e inocência.
Durante uma
palestra no TEDxSaoPaulo, a escritora Lau Patrón, madrinha da ONG
internacional Best Buddies e mãe de uma criança com deficiência, faz um
panorama histórico sobre a exclusão de pessoas com deficiência (assista o vídeo
na íntegra):
“Ao longo dos
séculos, as pessoas com deficiência se envolveram em narrativas de abandono e
rejeição. Primeiro, por não ter o mesmo ritmo quando éramos um povo nômade.
Depois, por não ter o corpo perfeito, belo e forte que os gregos conceituaram.
Em algum momento, as pessoas com deficiência passam a ser vistas como
aberrações, castigos de Deus. E depois, rotuladas como doentes e tratadas
assim, como até hoje. Então, vieram as guerras, e houve um número considerável
no aumento de pessoas com deficiência por violência, e a Revolução Industrial,
que colocou o valor do homem em o quanto ele consegue produzir em menos tempo.
Uma competição desleal, que, de novo, dá a pessoa com deficiência o olhar de
inválida”.
Em 2015, a luta pelos
direitos das pessoas com deficiência teve uma importante conquista: o Estatuto da Pessoa com Deficiência,
também conhecido como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Entre outras definições, a
lei considera crime a prática de discriminação em razão da deficiência. Entretanto, a legislação não basta para
combater o capacitismo e promover inclusão social. É preciso que haja mais representatividade da
população PcD, em todas as
áreas, e mais
debates sobre o tema na
sociedade.
O capacitismo está intimamente ligado à exclusão das pessoas
com deficiência nas instituições de ensino e no mercado de trabalho. Essa realidade mostra que a sociedade é excludente. No Ensino Superior, por exemplo, PcD ainda representam apenas 0,52% do
total de matriculados em cursos de graduação, de acordo com o Censo Superior da
Educação de 2018. Já no mercado de trabalho, o número de pessoas com
deficiência cai para 0,9%, segundo o IBGE.
Fonte: Giovana Murça
Lembre-se de identificar uma
problemática que envolva o tema proposto e aponte propostas de intervenção para
esse problema. Para defender sua tese, seja claro e coerente, e use
argumentos consistentes.