quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Tema 242: caminhos para combater o capacitismo no Brasil.

 

A partir da leitura dos textos motivadores e de seus conhecimentos,  reflita e escreva um texto dissertativo-argumentativo no qual você discorra sobre o seguinte tema: caminhos para combater o capacitismo no Brasil.

O capacitismo é o que o preconceito, a discriminação e a opressão contra pessoas com qualquer tipo de deficiência. O termo vem do inglês ableism ou disablism, que faz referência à palavra deficiência em inglês (disability). O capacitismo caracteriza as pessoas com deficiência como inferiores, incapazes de estudar, trabalhar, se relacionar, e fazer tantas coisas naturais às pessoas. O capacitismo pode atingir as pessoas com deficiência de diversas maneiras. Ele vai desde uma agressão verbal ou tratamento de piedade até uma arquitetura inacessível, por exemplo. 

 

No acordo aprovado pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), promulgado pelo Brasil, a discriminação por motivo de deficiência é definida como:qualquer diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro.”.

Corponormatividade

O capacitismo parte da ideia de que existe um padrão corporal perfeito, a chamada corponormatividade. As pessoas dentro do padrão socialmente construído de corpo ideal são consideradas “normais”. Já as pessoas com qualquer tipo de deficiência, que fogem desse padrão, são vistas como “anormais” e exceções. Nessa percepção, a deficiência é vista como uma falha ou algo ruim, que pode ser corrigido ou superado.

Ao longo da história, diversos estereótipos capacitistas foram dados às pessoas com deficiência, prejudicando-as, pois contribuem com a manutenção do preconceito e da exclusão dessas pessoas. É comum, por exemplo, que as pessoas com deficiência sejam taxadas como doentes. Isso pode parecer inofensivo, porém já motivaram grandes barbaridades, como o assassinato em massa e a esterilização de milhares pessoas com deficiência durante o  regime nazista. Outro estereótipo é  o do coitado, quando o indivíduo é visto com piedade e inferioridade e suas capacidades são subestimadas. As pessoas são infantilizadas e tratadas com pureza e inocência.

Durante uma palestra no TEDxSaoPaulo, a escritora Lau Patrón, madrinha da ONG internacional Best Buddies e mãe de uma criança com deficiência, faz um panorama histórico sobre a exclusão de pessoas com deficiência (assista o vídeo na íntegra):

“Ao longo dos séculos, as pessoas com deficiência se envolveram em narrativas de abandono e rejeição. Primeiro, por não ter o mesmo ritmo quando éramos um povo nômade. Depois, por não ter o corpo perfeito, belo e forte que os gregos conceituaram. Em algum momento, as pessoas com deficiência passam a ser vistas como aberrações, castigos de Deus. E depois, rotuladas como doentes e tratadas assim, como até hoje. Então, vieram as guerras, e houve um número considerável no aumento de pessoas com deficiência por violência, e a Revolução Industrial, que colocou o valor do homem em o quanto ele consegue produzir em menos tempo. Uma competição desleal, que, de novo, dá a pessoa com deficiência o olhar de inválida”. 

Em 2015, a luta pelos direitos das pessoas com deficiência teve uma importante conquista: o Estatuto da Pessoa com Deficiência, também conhecido como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Entre outras definições, a lei considera crime a prática de discriminação em razão da deficiência.  Entretanto, a legislação não basta para combater o capacitismo e promover inclusão social. É preciso que haja mais representatividade da população PcD, em todas as áreas, e mais debates sobre o tema na sociedade.

O capacitismo está intimamente ligado à exclusão das pessoas com deficiência nas instituições de ensino e no mercado de trabalho. Essa realidade mostra que a sociedade é excludente. No Ensino Superior, por exemplo, PcD ainda representam apenas 0,52% do total de matriculados em cursos de graduação, de acordo com o Censo Superior da Educação de 2018. Já no mercado de trabalho, o número de pessoas com deficiência cai para 0,9%, segundo o IBGE.






Fonte: Giovana Murça


 

Lembre-se de identificar uma problemática que envolva o tema proposto e aponte propostas de intervenção para esse problema. Para defender sua tese, seja claro e coerente, e use argumentos consistentes.

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