terça-feira, 20 de setembro de 2022

Tema 301: a mineração urbana como alternativa para reduzir o lixo eletrônico

 

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Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (ou REEE) é o nome dado aos rejeitos resultantes de equipamentos que demandam energia para o seu funcionamento e que, quando descartados, contam com uma bateria ou um plug. Feitos com alta tecnologia, esses resíduos podem conter substâncias tóxicas e metais pesados, como o chumbo, mercúrio, cromo e cádmio por exemplo, capazes de contaminar o solo, a água e os alimentos – impactando tanto o ambiente quanto a saúde humana. 

            “A reciclagem de aparelhos eletrônicos têm mais potencial do que só reduzir os impactos do descarte de resíduos. É também uma alternativa à mineração convencional que pode gerar novos modelos de negócio gerando empregos, contribuindo para uma economia circular e para controlar a emissão de gases de efeito estufa”, disse Lúcia Helena Xavier, pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) em entrevista à National Geographic.  Dados apontam que apenas um quinto dos REEE gerados no mundo é coletado e reciclado.

Como acontece a reciclagem de eletrônicos

O processo de reciclagem de equipamentos eletroeletrônicos tem como objetivo fazer com que os materiais usados voltem para a cadeia produtiva novamente. Porém, “Os resíduos eletroeletrônicos são muito complexos. Você vai ter – além dos metais – plástico e outros tipos de polímeros misturados naquele equipamento. É uma reciclagem difícil”, explica Ellen Cristine Giese, especialista em bioquímica aplicada e pesquisadora de Processos Metalúrgicos e Ambientais do Cetem. 

            Devido à essa complexidade, a especialista conta que os REEE são separados em oito categorias: eletrodomésticos (fogão, geladeira), eletroportáteis (ventilador, liquidificador), monitores, tecnologia da informação e telecomunicações (celulares, computadores), fios e cabos, pilhas e baterias, iluminação e painéis fotovoltaicos. O processo para reciclar um eletrônico começa quando é determinado o fim da vida útil deste aparelho.
            A reciclagem não passa por “processos simples. É necessária uma mão de obra qualificada e capacitada – não no sentido acadêmico, mas sim em saber como manusear esses resíduos com segurança, extraindo o máximo de material valioso”, diz Ellen Giese. “Por isso, e pelo alto valor agregado dos metais recuperados, a reciclagem de eletrônicos também é uma alternativa na geração de emprego e renda.”

Os números do lixo eletrônico  

O Monitor Global de Lixo Eletrônico 2020 da ONU registrou um recorde de 53,6 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos gerados em todo o mundo em 2019. Trata-se de um aumento de 21% em apenas cinco anos. De acordo com o relatório, a Ásia gerou o maior volume de REEE naquele ano, cerca de 24,9 Mt, seguido pelas Américas (13,1 Mt) e Europa (12 Mt), enquanto a África e a Oceania geraram 2,9 Mt e 0,7 Mt, respectivamente.

            A América Latina e o Caribe, segundo relatório da ONU, o Monitor Regional de Lixo Eletrônico para América Latina 2021, mostrou que a geração de lixo eletrônico aumentou 49% em nove anos, de 0,9 Mt em 2010 para 1,3 Mt em 2019.  Dessas verdadeiras montanhas de lixo eletrônico, o relatório mostra que o mundo coletou e reciclou apenas 17,4% dessa quantidade em 2019. Na América Latina, só 2,7% do total de resíduos eletrônicos foram coletados e gerenciados de maneira ambientalmente correta.

O que é a mineração urbana?

            Ainda de acordo o relatório global da ONU sobre o tema, a quantidade de lixo eletrônico descartado incorretamente em 2019 significou US$57 bilhões em ouro, prata, cobre, platina e outros elementos de alto valor que foram, em sua maioria, despejados ou queimados em vez de serem coletados para tratamento e reutilização. Segundo Xavier, os materiais valiosos recuperados pela reciclagem incentivam a mineração urbana, como é chamada a obtenção de matérias-primas tendo como fonte os resíduos eletrônicos. “Nesses resíduos você tem ouro, prata, cobre, alumínio, que podem ser coletados e vendidos para reuso na fabricação de novos produtos. Então, você deixa de extrair da fonte primária, em jazidas do minério, para recuperar metais já trabalhados que seriam descartados.”

            A pesquisadora exemplificou o possível impacto da mineração urbana comparando com a mineração feita em uma jazida de cobre. Segundo ela, a cada uma tonelada de cobre são gerados 300 vezes mais rejeitos. “Com a reciclagem, deixamos de explorar a natureza e gerar essa quantidade absurda de rejeito. É possível ter um processo mais circular, mais eficiente e, da mesma forma, não descartar um resíduo perigoso no ambiente”, acrescentou a pesquisadora, que enfatiza a ligação da mineração urbana com os conceitos de economia circular. 

Lixo eletrônico: um setor econômico

Já para a química Ellen Cristine Giese, se olharmos para a gestão de resíduos eletrônicos como um setor econômico, podemos encontrar mais benefícios nos resultados da mineração urbana, principalmente considerando o cenário econômico e político internacional. “Vimos o fechamento de fronteiras na pandemia e por conta de conflitos internacionais. A mineração urbana configura reservas de metais para o país, sem que seja necessário a extração da fonte primária e de forma independente de outras nações.” 

            Para Carlos Alberto Mendes Moraes, engenheiro metalúrgico e professor do programa de pós-graduação em Engenharia Mecânica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, o interesse econômico por trás da mineração urbana é um dos principais fatores que incentivam a atividade. 

Porque reciclar eletrônicos é bom para o meio ambiente

    Do ponto de vista ambiental, a alta geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos atrelada às baixas taxas de reciclagem a nível mundial demandam maior necessidade de extração de matérias-primas primárias e consequentes maiores níveis de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Além disso, o descarte inadequado desses resíduos também configura um enorme perigo de contaminação do solo, água e alimentos devido aos componentes químicos e metais pesados presentes nos equipamentos. A mineração urbana, surge como uma alternativa para mitigar tais problemas, pois apresenta significativamente menos danos ao meio ambiente do que a mineração tradicional. Em 2019, o descarte de refrigeradores resultou na emissão de 98 milhões de toneladas (Mt) de CO2, representando 0,3% do total das emissões globais do setor energético, segundo dados do Monitor Global de Lixo Eletrônico 2020 da ONU. 

Fonte: nationalgeografic.com

Texto motivador 2

Lixo Eletrônico

A partir dos textos motivadores e de tuas leituras de mundo, escreve um texto dissertativo, entre 08 e 30 linhas, sobre o tema:  a mineração urbana como alternativa para reduzir o lixo eletrônico.  Lembre-se de apresentar proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.   Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. 

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