sábado, 10 de julho de 2021

Tema 251: A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE


Texto 1

Minoria é um termo relacionado  à ideia de inferioridade numérica.  Essa palavra também é usada para fazer referência a grupos historicamente oprimidos  social, econômica, política e/ou culturalmente. Nesses casos, a chamada “minoria” não necessariamente é inferior numericamente. É por isso que mulheres e negros são frequentemente enquadrados como minorias, apesar de serem 51,4% e 54% da população brasileira, respectivamente (maiorias numéricas). Nesse sentido, a “maioria” é composta pelos grupos que dominam e oprimem social, econômica, política e/ou culturalmente as minorias. Alguns exemplos mais gritantes: homens, brancos, cisgêneros, heterossexuais (lembrando que na grande salada das relações sociais, as opressões se cruzam, se intensificam ou são amenizadas.  Como “maiorias”, esses grupos dominantes são consequentemente entendidos como a norma, como o padrão de ser humano. 

Como os grupos dominantes são entendidos como “padrão de humanidade”, e como esses grupos também dominam os meios de comunicação, o que  mais vimos  na mídia e no entretenimento são homens, brancos, cisgêneros e heterossexuais. Apenas para se ter uma noção:

– no período entre 2015-2016, apenas 4% dos personagens recorrentes das produções seriadas dos EUA foram gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros.

– Apenas 28% dos personagens com falas nos 100 maiores filmes de 2014 foram mulheres – um decréscimo do período entre 2007-2012, que teve 30,8% de personagens femininas com falas. (Lembrando que 28,8% delas usaram roupas provocativas, e 26,2% ficaram parcialmente nuas).

Autoestima e Empoderamento

De acordo com um estudo de 2012, assistir televisão aumenta a autoestima de meninos brancos ao mesmo tempo que diminui a de meninos negros e de meninas brancas e negras. As pesquisadoras identificaram que tanto a ausência desses grupos nas telas, como os estereótipos negativos com os quais eles são frequentemente representados são os responsáveis por esse resultado. Garotos brancos não enfrentam esse tipo de problema, já que tendem a aparecer em posições de poder e prestígio, com namoradas/esposas maravilhosas e/ou até como super-heróis.

De acordo com Michael Brody, do Comitê de Mídia da Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente: “Crianças são impressionáveis. Elas são impactadas quando não se veem representadas na televisão, e são impactadas quando o grupo de jovens que se parece com elas são representadas fazendo coisas erradas”. Se você quer uma prova maior, assista ao teste da boneca.

Quando eu tinha uns onze anos, fui assistir Star Wars: A Ameaça Fantasma no cinema. Foi o meu primeiro contato de verdade com a franquia e eu amei o filme na época (eu era criança, me deixem). Lembro de ter ficado muito empolgada principalmente na parte da corrida. Eu amava jogos de corrida e, nossa, como eu queria estar na pele do Anakin naquele filme. Durante um bom tempo eu fingi ser o Anakin nas minhas brincadeiras, assim como fingi ser outros protagonistas masculinos queridos ao longo da minha infância. No entanto, nunca fiz isso abertamente, porque mesmo pequena eu tinha uma noção muito forte de que estava me identificando com coisas que não foram feitas pra mim. E eu me sentia errada por isso. Esse Episódio Um de Star Wars me marcou muito porque foi a primeira vez que eu consegui identificar por que eu sentia esse misto de vergonha, ressentimento e inadequação. Eu era menina. E como menina, eu nunca poderia fazer o que o Anakin fazia. Simplesmente não havia precedentes pra isso. 

Acho que são experiências como essas que fazem com que muitas de nós acabemos por desenvolver uma espécie de “misoginia internalizada”. Milhares de pequenos “não podes” baseados em estereótipos de gênero que nos inferiorizam e objetificam vão se somando em nossas vidas até que desenvolvemos um profundo desprezo pelo gênero feminino e ressentimento pelo fato de termos nascido mulheres. O “ser mulher” se torna automaticamente algo ruim, pois significa, à primeira vista, uma existência incompleta e limitada. Aprendemos isso na vida real, e aprendemos isso no cinema e na televisão que, por meio de ausências e participações superficiais e estereotipadas, nos dizem que as experiências femininas não importam tanto quanto as masculinas. Hoje em dia, chego a me emocionar quando vejo filmes com personagens femininas que não são estereotipadas ou definidas tão exclusivamente pelo seu gênero (mães, namoradas, esposas de alguém). Mas é preciso notar que falo da minha própria experiência, de uma posição de privilégio como mulher branca, magra e heterossexual. Apesar de ainda ter pouca representatividade na mídia, ainda assim são mulheres como eu que eu vejo quando elas aparecem. Como eu disse lá em cima, o golpe na autoestima pela falta de representatividade varia dependendo dos grupos aos quais cada um pertence. Fonte: http://nodeoito.com/por-que-representatividade-importa/ 


TEXTO II


Fonte: http://mulheres-incriveis.blogspot.pt/2012/11/whoopi-goldberg.html 


PROPOSTA DE REDAÇÃO

    Com base nos textos de apoio e nas suas vivências, escreva um texto  dissertativo-argumentativo sobre o tema:  A IMPORTÂNCIA  DA REPRESENTATIVIDADE. 

    Para produzir seu texto, você poderá levar em consideração o quanto é importante se sentir representado; o que realmente queremos dizer quando buscamos representatividade em filmes, séries, novelas, quadrinhos, livros e todas as produções culturais que nós consumimos e fazemos parte; o quanto a representatividade influencia em nossa formação e nas nossas escolhas. Lembre-se também de levar em conta  a diversidade cultural brasileira. 

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