Pesquisa publicada pela revista científica European Child & Adolescent Psychiatry mostra uma associação entre pobreza infantil e maior propensão para desenvolver transtornos externalizantes, como déficit de atenção e hiperatividade, na juventude, especialmente entre mulheres.
Os pesquisadores
concluíram que a pobreza multidimensional e a exposição a situações
estressantes, entre elas mortes e conflitos familiares, são fatores de risco
evitáveis que precisam ser enfrentados na infância para reduzir o impacto de
transtornos mentais na fase adulta. Foram levados em consideração o nível
educacional dos pais, as condições de moradia e infraestrutura das famílias,
acesso a serviços básicos, entre outros.
Os autores do
artigo destacaram que, nas análises estratificadas por gênero, a pobreza
infantil teve consequências prejudiciais especialmente para as mulheres. A hipótese
é que as meninas pobres têm menos chance de diagnóstico precoce de problemas,
seja na família ou na escola. Além disso, elas assumem mais tarefas desde cedo
em casa, como cuidar de irmãos mais novos e de pessoas doentes. Essa sobrecarga
expõe a mais eventos estressantes, que aumentam as chances de apresentar problemas
mentais quando adultas”.
Os transtornos
externalizantes também foram particularmente prejudiciais para as mulheres nos
resultados educacionais, principalmente em relação ao atraso escolar, como
mostrou um outro trabalho do grupo, recém-publicado na revista Epidemiology and
Psychiatric Sciences. Essa pesquisa, realizada com a mesma base do BHRC,
concluiu que pelo menos dez a cada cem meninas que estavam fora da série
escolar adequada para sua idade poderiam ter acompanhado a turma se transtornos
mentais, principalmente os externalizantes, fossem prevenidos ou tratados. No
caso da repetência, cinco em cada cem alunas não teriam reprovado (leia mais em
https://agencia.fapesp.br/37419/).
"Crianças e
jovens com problemas externalizantes podem ter mais chance de impacto negativo
no aprendizado, no desenvolvimento social, no mercado de trabalho, aumentando
assim a possibilidade de se manterem na pobreza quando adultos”, completa
Ziebold. No Brasil, a chance de um filho repetir a baixa escolaridade dos pais
é o dobro da probabilidade de que isso ocorra nos Estados Unidos, por exemplo,
e bem acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), grupo de 38 países ricos e emergentes.
Quase seis a cada
dez brasileiros (58,3%) cujos pais não tinham o ensino médio completo também
pararam de estudar antes de concluir essa etapa. Entre os americanos, o
percentual cai para 29,2% e na OCDE fica em 33,4%, de acordo com estudo
(https://imdsbrasil.org/indicadores) do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social
(IMDS), que analisou as transformações educacionais entre gerações.
Por Luciana
Constantino, da Agência Fapesp
Se escrever na modalidade ENEM, lembre-se de apresentar proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário