A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa, sobre o tema: OS IMPACTOS DA GENTRIFICAÇÃO E DA SEGREGAÇÃO URBANA PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA.
Lembre-se de apresentar propostas de intervenção que respeitem os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos para a defesa de seu ponto de vista.
Entende-se por gentrificação o
processo de transformação ou substituição das paisagens urbanas em que uma
localidade geralmente popular, dotada de uma paisagem típica de setores
periféricos da cidade, é rápida ou gradativamente substituída por um uma
expressão geográfica referente ao espaço nobre.
A expressão “gentrificação” é fruto de um
neologismo proveniente da língua inglesa. O termo gentry, em tradução literal,
pode ser entendido como “de origem nobre” ou “bem nascido”, fazendo uma alusão
a uma espécie de “aburguesamento” do espaço geográfico. Atribui-se a criação do
termo à socióloga germano-britânica Ruth Glass na década de 1960.
Um dos principais fatores associados ao
processo de gentrificação das cidades é a especulação imobiliária, bem como as
desigualdades de renda existentes no contexto da sociedade. Isso porque o solo,
visto pelo mercado como uma mercadoria, valoriza-se rapidamente, o que faz com
que suas relações sejam continuamente ressignificadas.
À medida que esses espaços valorizam-se,
atraem maiores investimentos privados e até públicos, o que gera uma gradativa
mudança no perfil populacional local. Com o tempo, a população mais pobre – em
razão do processo de segregação urbana
– passa a deslocar-se para áreas ainda segregadas espacialmente, o que acarreta
a consequente mudança de paisagem.
O exemplo mais notório no caso brasileiro foram as áreas que,
por intervenção do poder público, transformaram-se rapidamente em razão das
mudanças proporcionadas pela preparação para a Copa do Mundo de 2014. No Rio de
Janeiro, o mesmo processo ocorreu, lembrando que nessa cidade ainda acontecerão
os Jogos Olímpicos de 2016, outro megaevento que transforma sobremaneira as
dinâmicas da Geografia da cidade.
Existem muitas críticas ao processo de
Gentrificação. Movimentos sociais acusam o poder público de promover uma
espécie de “higienização” urbana, movendo a população de baixa renda para
pontos onde não pudesse ser notada pelo olhar do turista, dando uma falsa
impressão de segurança e qualidade de vida. Em outros casos, as críticas são
direcionadas ao próprio mercado e até ao sistema capitalista, que seria um
agente contínuo de transformação no perfil das paisagens urbanizadas.
Fonte:
https://www.preparaenem.com/geografia/gentrificacao.htm
A segregação urbana –
também chamada de segregação socioespacial – refere-se à periferização ou
marginalização de determinadas pessoas ou grupos sociais por fatores
econômicos, culturais, históricos e até raciais no espaço das cidades. No
Brasil, alguns exemplos de segregação urbana mais comuns são a formação de conglomerados
subnormais (favelas), habitações em áreas irregulares, cortiços e áreas de
invasão.
Pode-se dizer
que a segregação urbana é a representação ou reprodução espacial e geográfica
da segregação social, estando quase sempre relacionada com o processo de
divisão e luta de classes, em que a população mais pobre tende a residir em
áreas mais afastadas e menos acessíveis aos grandes centros econômicos. Esses
espaços segregados, além do mais, costumam apresentar uma baixa disponibilidade
de infraestruturas, como pavimentação, saneamento básico, espaços de lazer,
entre outros.
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/segregacao-urbana.htm
Adaptado por Marileia Marchezan
SUGESTÕES DE LEITURAS PARA CONTEXTUALIZAÇÃO e CITAÇÃO:
O Cortiço - Aluízio de Azevedo. O Cortiço
Quarto de Despejo - Carolina de Jesus. Um diário, 1960, denuncia as condições de vida de pessoas da periferia. Quarto de Despejo
Quadro: Retirantes - Portinari
Vidas Secas - Graciliano Ramos Vidas Secas
José - Carlos Drummond de Andrade. José se refere a pessoas em situação de vulnerabilidade.
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto Morte e Vida Severina
Antropóloga Lilia Schwarcz
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