sábado, 6 de novembro de 2021

Tema 273: A ARQUITETURA HOSTIL PRESENTE NAS CIDADES BRASILEIRAS

    A     partir   da  leitura  dos   textos motivadores  e  com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija  um  texto dissertativo, em modalidade escrita formal da língua portuguesa, sobre este tema:  A ARQUITETURA HOSTIL  PRESENTE NAS CIDADES BRASILEIRAS.   Lembre-se de apresentar  propostas de intervenção que respeitem os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. 

Texto 1

Na terça-feira (2), o padre Julio Lancellotti quebrou a marretadas pedras instaladas pela prefeitura de São Paulo debaixo do viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida. Os paralelepípedos visavam evitar a presença de pessoas em situação de rua no viaduto na avenida Salim Farah Maluf, na zona leste da capital paulista.


“É higienismo”, disse Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, ao jornal Folha de S.Paulo, ao criticar a medida municipal e justificar a sua ação.


O prefeito Bruno Covas (PSDB) não se manifestou, mas a prefeitura alega que a decisão de instalar os paralelepípedos foi tomada de forma isolada por um funcionário, que já teria sido exonerado – não foi informada a identidade dele ou o departamento que integrava. Na terça (2), a prefeitura começou a retirar as pedras do local.


No Twitter, críticos se referiram à instalação como “arquitetura da exclusão” – entre eles, políticos como Guilherme Boulos (PSOL) e Jilmar Tatto (PT).


Exclusão arquitetural (“architectural exclusion”, em inglês) refere-se a como a estrutura de espaços urbanos pode discriminar e segregar certos indivíduos – frequentemente, pobres e negros, assinala a autora americana Sarah Schindler na revista The Yale Law Journal.


No documentário “Arquitetura da Exclusão” (2010), o diretor potiguar Daniel Lima aborda os muros, visíveis e invisíveis, nos centros urbanos – o filme foca no morro Santa Marta, primeira favela a ser cercada por muros construídos pelo estado do Rio de Janeiro.


Além de exclusão arquitetural, outras expressões buscam tratar do tema criticamente nas cidades, como “design desagradável”, “arquitetura antimendigo” e “arquitetura hostil”.


No livro “Unpleasant Design”, os autores Selena Savic e Gordon Savicic definem “design desagradável” como estruturas para impedir determinados comportamentos e usos do espaço público. No Brasil, há um longo histórico de iniciativas deste tipo, com instalação de pedras, pinos metálicos, grades, arames e outros materiais para impedir a presença de pessoas em situação de rua.


O que é arquitetura hostil

“Arquitetura hostil” se refere a estratégias de design urbano que utiliza elementos para restringir certos comportamentos nos espaços públicos, dificultar o acesso e a presença de pessoas, especialmente pessoas em situação de rua.


O termo (“hostile architecture”, em inglês) ficou famoso após a publicação de uma reportagem no diário britânico The Guardian, em junho de 2014.


Segundo o historiador especializado em arquitetura Iain Borden, citado pelo repórter Ben Quinn, a emergência deste estilo de arquitetura hostil data da década de 1990, nas gestões de um desenho urbano que sugere, segundo suas palavras, “que só somos cidadãos se estamos trabalhando ou consumindo bens diretamente”. Isto é, não trabalhar e não consumir quer dizer não poder estar presente como cidadão de uma cidade.


“Por isso é aceitável, por exemplo, ficar sentado, desde que você esteja num café ou num lugar previamente determinado onde podem acontecer certas atividades tranquilas, mas não ações como realizar performances musicais, protestar ou andar de skate”, disse Borden à época.


Eduardo Souza e Matheus Pereira, editores do site especializado em arquitetura e urbanismo ArchDaily, dão diversos exemplos de construções e objetos que podem “afastar ou excluir pessoas ‘indesejáveis’”: cercas elétricas, arames farpados, grades no perímetro de praças e gramados, bancos públicos com larguras inferiores ao recomendado pelas normas de ergonomia, bancos curvados ou ainda assumindo geometrias irregulares, lanças em muretas e guarda-corpos, traves metálicas em portas de comércios, pedras em áreas livres, gotejamento de água em intervalos estabelecidos sob marquises.  

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/02/03/O-que-%C3%A9-arquitetura-hostil.-E-quais-suas-implica%C3%A7%C3%B5es-no-Brasil

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